"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Tema: O Discurso de Ódio nos Sites de Rede Social


TEXTO 1
O grande sonho de um mundo em que as pessoas se comuniquem de forma horizontal se transformou em pesadelo para muita gente: apenas a ONG Safernet contabilizou, nos últimos 11 anos, quase quatro milhões de denúncias de violações de direitos humanos envolvendo mais de 600 mil páginas diferentes. As pessoas ameaçadas, difamadas e que sofrem discurso de ódio na internet são exatamente os principais alvos de violência na vida off-line. (...)

Internet também é direito
A cobrança por mais transparência das plataformas (como Google e Facebook) e o fortalecimento da governança multissetorial foram algumas das questões apontadas para que a liberdade nas redes se mantenha, porém sem violações. “O combate a crimes no âmbito do Whatsapp não pode passar por um combate à criptografia, por exemplo.
A proteção da privacidade é necessária para que grupos minoritários vocalizem debates e demandas”, defendeu Paulo Rená, do Ibidem. Patrícia Cornils, da ONG Actantes, segue a mesma linha. Ela lembra que o anonimato, tão usado no Brasil para ataques, também permite atuar em rede sem deixar rastros e pode criar espaços seguros de comunicação e compartilhamento.





TEXTO 2
O Brasil é um dos líderes mundiais em número de usuários no Facebook, Twitter e YouTube, e o comportamento das pessoas nessas redes sociais nem sempre é pacífico. Segundo especialistas em direito digital, discussões acaloradas são perfeitamente normais, mas o mundo virtual também tem suas leis, e elas são bem concretas.
"Não podemos confundir liberdade de expressão nas redes sociais com irresponsabilidade, senão torna-se abuso de direito", alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em direito digital. "O que mais prejudica a liberdade de todos é o abuso de alguns, a ofensa covarde e anônima, isso não é democracia." (...)
  Na  opinião de Peck, a falta de educação e a impunidade contribuem para os excessos na internet. "Sem educação em ética e leis, corremos o risco de a liberdade de expressão e o anonimato digital se tornarem verdadeiros entraves na evolução da sociedade digital, pois torna o ambiente da internet selvagem e inseguro", observa.
Os crimes contra honra na internet são combatidos com leis já existentes, como a própria Constituição, o Código Civil e o Código Penal. Já a Lei do Marco Civil da Internet acabou justamente por contribuir para o aumento dos crimes digitais, afirma Peck. Segundo ela, o texto dificulta as investigações por exigir o despacho de ordens judiciais. "Isso elimina o 'flagrante online', essencial para combater crimes como cyberterrorismo, pornografia infantil e tráfico de entorpecentes", diz.



TEXTO 3 
Encontrar expressões e definições em inglês, na internet, não é um trabalho muito difícil de realizar. Afinal, ser um ‘nerd’ online, fazer o ‘download’ de um arquivo, abrir um conta no ‘Facebook’, ou ‘twittar’, são ações comuns para quem conhece e utiliza diferentes canais do universo online. Atualmente, mais uma nova definição tem ganhado força na web, são os ‘haters’. Caracterizados como disseminadores de ódio na internet, os haters - do inglês ‘hate’,  que significa ódio - passam seu tempo atacando a opinião de outros usuários ou veiculando mensagens de cunho racistas, homofóbicos, xenófobos, bairristas e de intolerância em geral.
Em diversas redes sociais, na sessão de comentários de grandes portais de notícias, em grupos ou fóruns de debates, é recorrente a propagação de ações isoladas ou conjuntas desse grupo de pessoas. Casos emblemáticos, principalmente envolvendo pessoas já conhecidas na mídia, tem ganhado repercussão e ampliado o debate sobre a prática de ações motivadas por desrespeito e ódio às diferenças. Para o sociólogo Francisco Mesquita, os acontecimentos apenas refletem o processo de formação da sociedade brasileira.
“O nosso processo de formação se baseia em um tripé histórico. Na escravidão, com um sujeito totalmente submisso e um sujeito totalmente dominador, sendo o escravo e o senhor. Também tivemos o surgimento da sociedade política coronelista, em que existiam dois sujeitos distintos, o senhor de terra, dominador, e o agricultor, o dominado. Nosso terceiro elemento de fundação da sociedade brasileira é a relação do português com o índio. De novo, outro grupo que submete. Em um período de 300 anos, tivemos a formação de uma cultura na qual você encontra grupos que se submetem e sempre existe a dicotomia do dominador e o dominado. Esses elementos, com suas distintas áreas, vão configurar, na atualidade, o nosso sujeito social. A questão do ódio na sociedade brasileira tem uma raiz cultural, vem da formação cultural”, esclarece.
Analisando dessa forma, o que a interpretação dos abusos propagados pela internet pode indicar é que os sujeitos não passaram, apenas agora, a serem mais intolerantes, mas só agora, em maiores proporções, tiveram oportunidade de dar vazão a ações de inferiorizarão e desrespeito a diferentes grupos.
“Nós estamos vivendo em uma sociedade em que a intolerância parece ser mais realçada por conta dos meios de comunicação que nós temos. Será que o ódio à diversidade, ao diferente, aumentou? Talvez não. O que pode ter acontecido é que os meios de comunicação facilitam a circulação, de forma mais abrangente e até em escala mundial, de certas atitudes do que no passado. A sociedade está se tornando mais intolerante? Talvez não. A sociedade tem ganhado meios de comunicação que tornam visíveis essas práticas de intolerância na sociedade”, lembra o sociólogo.


PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base no seu conhecimento de mundo, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O Discurso do Ódio nos Sites de Rede Social”, apresentando uma proposta de intervenção . Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de vista.



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