"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."

domingo, 30 de julho de 2017

CONCLUSÃO PARA O ENEM

          O Enem corrige as redações baseado em cinco competências: a que avalia a norma padrão, que precisa ser utilizada pelo candidato; a que avalia a linguagem usada, que tem que ser formal, adequada, com vocabulário vasto e expressões adequadas; a que avalia a compreensão da proposta, que determina se houve a fuga total ou parcial do tema; a que avalia a seleção de ideias e sua organização, bem como o uso de conhecimento de outras áreas do saber; e, finalmente, a que avalia a criação de uma proposta de intervenção social.
          Na criação da proposta de intervenção social, a prova exige detalhamento. Isso serve para evitar soluções vagas e pouco eficazes, como "as autoridades (ou a população) precisam se conscientizar" ou "o governo deve criar políticas públicas". Essas propostas superficiais mostram desconhecimento e despreparo do candidato que não faz ideia do que fazer para resolver, solucionar ou amenizar o problema abordado. Portanto, aquele que faz uma boa proposta, detalhando bem sua ideia, diferencia-se dos concorrentes e ganha pontos.
          Para o detalhamento, devem-se definir 4 coisas:
- O quê você propõe que deve ser feito
- Quem ou o quê deve por em prática sua proposta
- Como deve ser feita
- Para quê deve-se fazer o que você propõe, o que essa proposta deve gerar na sociedade
          O que ajuda bastante ao fazer esse detalhamento é saber a qual poder, área, ministério ou órgão  você deve recorrer, pois isso mostra que você tem domínio do que está propondo. É interessante dizer qual o ministério deve fazer, através de qual órgão, ou secretaria, por exemplo. Isso não é obrigatório, mas faz muita diferença. Segue um pequeno esquema:

PODER LEGISLATIVO   (Se sua proposta for relacionada a leis)

PODER JUDICIÁRIO      (Se sua proposta for relacionada a julgamentos ou cumprimento das leis)

PODER EXECUTIVO      (Se sua proposta for relacionada a ação administrativa ou governamental)      

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     Ministérios  (São subordinados à administração do poder executivo e do seu chefe, o presidente. Têm autonomia técnica, financeira e administrativa para executar as ações nas suas áreas de competência. Cada ministério é responsável por uma área.
   
- Principais ministérios:
* CASA CIVIL - acessoria e fiscalização do presidente
* FAZENDA - tesouro nacional, recursos financeiros do país
* EDUCAÇÃO
* SAÚDE
* CULTURA
* JUSTIÇA - segurança pública
* DEFESA - segurança do país através das Forças Armadas

Os poderes e os ministérios agem através de órgãos, secretarias (em algumas áreas), agentes, entidades ou corporações. Por exemplo: o poder Legislativo tem os órgãos: câmara municipal, assembleia legislativa e senado. O Ministério da Fazenda tem a Secretaria da Fazenda. O Ministério da Justiça tem o órgão polícia. O órgão polícia civil exerce funções de poder judiciário. E o poder Judiciário tem órgãos como o Supremo Tribunal Federal e os Tribunais regionais.

Independente desses, sua proposta pode dar a responsabilidade à mídia (que pode agir através das emissoras de rádio e TV, ou jornais e revistas ou internet), à família (que age através dos responsáveis), à escola (agindo através de aulas, educadores e estratégias educativas) e à população e/ou comunidade (agindo através de ações populares)

Portanto, quando você fizer sua proposta de ação social, seja específico sobre quem irá realizá-la, e isso fará toda a diferença.

Tema Bipolar 2

          Como foi escrito no primeiro post sobre o Tema Bipolar, o ideal, em uma redação que pede esse tema, é mostrar que você está por dentro da polêmica levantada e sabe expor os dois lados da questão. O detalhe é que a sua opinião sobre o assunto também deve aparecer, e o local escolhido para isso faz toda a diferença. Então vamos lá:
- primeiro de tudo, deve-se levantar o que os dois lados alegam e reservar um desenvolvimento para cada. Para iniciar os desenvolvimentos, podem-se usar as expressões: "A parte da sociedade que é a favor dessa questão alega que" e "Já as pessoas que são contra a medida afirmam que". E assim colocam-se dois ou três pontos defendidos por eles.
- o segundo passo é trazer para o texto fatos conhecidos da sociedade que sustentem as alegações. Preste atenção que aí já começa a aparecer sua opinião. Se você concordar com o ponto de vista, pode trazer os fatos para sustentá-lo através da expressão "de fato". Caso você discorde, a expressão usada pode ser "eles se baseiam no fato de que".
- O terceiro e último passo é incluir sua crítica nesses desenvolvimentos. Se você concordar com o ponto de vista, você fará o ponto, e ele pode ser iniciado com as expressões "Dessa maneira", "Assim", "O que se conclui é ", "Portanto" e tantos outros conectivos conclusivos que introduzam sua opinião a favor. Se, porém, você discorda do ponto de vista apresentado, você fará um contraponto no final do desenvolvimento, e ele pode ser iniciado com "No entanto" e "Entretanto".
          Depois disso, você pode partir para a conclusão. Já que o tema Bipolar é polêmico, ele traz uma discussão para qual a sociedade ainda não tem certeza da melhor solução. Então talvez não caiba a você decidir a polêmica. Nessa conclusão, o ideal é apresentar uma proposta de intervenção social que diga onde o país precisa mexer e o que tem que ser corrigido antes de se tomar qualquer decisão sobre o assunto polêmico. Assim você foge da obrigação de solucionar algo tão complexo, mas também não fica em cima do muro.
         Boa sorte!

TEMAS BIPOLARES:
- Legalização do aborto
- Descriminalização da maconha
- Eutanásia
- Desarmamento da população civil
- Redução da maioridade penal
- Pena de morte no Brasil

terça-feira, 18 de julho de 2017

ESTRUTURA POLIFÔNICA

          Ao pé da letra, Polifonia significa: vários sons. Para Mikhail Bakhtin, pensador russo, pesquisador da linguagem, polifonia é a presença de vários textos dentro de um texto. O autor faz a inserção de outros textos dentro do seu para redigi-lo. Aí se constrói o texto dialógico, em que há um diálogo entre pensamentos diversos sobre o tema em questão. O texto fica ainda mais criativo quando se inserem pensamentos opostos para que haja o que a dialética chama de síntese, fruto do cruzamento de uma tese com uma antitese.
          No nosso caso, a polifonia dentro da redação seria a inserção de pontos de vista diferentes sobre o tema que devemos abordar. Comumente, para redigirmos o texto, fazemos um rascunho de ideias, em que colocamos no papel todas as ideias que surgem na nossa cabeça, relacionadas ao tema, frutos de brainstorm. Depois disso, relacionamos as ideias que têm a ver umas com as outras, escolhemos as evidências que temos para sustentá-las e redigimos. Na estrutura polifônica, não fazemos brainstorm. Nesse tipo de rascunho, levantamos todos os personagens relacionados ao tema e suas visões  sobre ele. Por exemplo, se o tema for greve, temos as visões de: funcionário público, funcionário privado, mídia, população que apoia a greve, população que não apoia a greve, rodoviários, professores, médicos, polícia fazendo greve, polícia trabalhando na greve de outra categoria, dentre outros. Ao levantar esses personagens, procuramos abordar o panorama da greve dessas categorias, se são curtas ou longas, se são apoiadas pela população ou não, se são perigosas ou não, se conseguem seus direitos ou não, e escolhemos dois ou três desses pontos de vista para serem contrapostos dentro do texto. 
          O detalhe desse tipo de texto é o cuidado para não se tornar extremamente expositivo. Como são expostos pontos de vista de outras pessoas, e não exatamente de quem está redigindo, a tendência é expor os fatos e esquecer de fazer sua crítica, de trazer seus argumentos. Um texto dissertativo-expositivo é perfeitamente possível e aceito; porém, se você estiver fazendo uma prova como o Enem, o texto exigido é o dissertativo-argumentativo, ou seja, pouca exposição, e mais argumento. Então, ao trazer pontos de vista dos outros, é bom inserir sua crítica a eles, ou ao final dos desenvolvimentos, ou intercalando termos que mostrem sua posição (como: infelizmente, vergonhosamente, absurdamente, felizmente, acertadamente).
             Para fazer a conclusão de um texto polifônico, você deve entrar como um conciliador. Você deve apresentar uma solução que seja viável para os dois pontos de vista apresentados, que os concilie e traga a melhor saída para resolver o problema. Então talvez você precise de mais de uma solução.
         A estrutura polifônica não é uma exigência de provas, ela é uma escolha de quem está redigindo. Se você quiser fazer um texto com uma abordagem um pouco diferente dos seus concorrentes, essa é uma saída. Boa sorte!

P.s.: Já que falei do tema greve, que tal treinar com ele? Tente esse: GREVE: UM DIREITO DE TODOS OU UM PROBLEMA PARA A POPULAÇÃO?

PECULIARIDADES DAS PROVAS DE REDAÇÃO

          Para fazer uma boa redação, além de todas as dicas e cuidados que devem ser tomados, a compreensão do que se exige na prova é mais do que meio caminho andado. Cada prova tem particularidades quando apresentam um tema aos candidatos e dá comandos para direcionar o texto que será produzido. Por esses comandos, o candidato é capaz de perceber até quantos desenvolvimentos deverá fazer e como irá fazê-los.
          Vamos aos exemplos:
PROVA DA Uesb 2014 - Essa prova apresentava dois temas de redação, e o candidato deveria escolher um. Um dos temas dizia o seguinte: "manifeste seu pensamento, ao escrever um texto dissertativo-argumentativo sobre o perfil da 'Geração Milênio' , constituída de 'jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000, que estão interligados pela rede mundial, onde compartilham ideias e ambições'.". Abaixo do tema, a prova coloca observações, e uma delas é: focalize, em seu texto, por exemplo, a relação de sua geração com a tecnologia, com as causas sociais, com novas experiências profissionais. 
- Essa prova pediu três aspectos diferentes: A RELAÇÃO DA GERAÇÃO MILÊNIO COM A TECNOLOGIA ( envolveria o uso dos sites de rede social, aplicativos de mensagens instantâneas, pesquisas em sites de busca e até relacionamentos virtuais), A RELAÇÃO COM AS CAUSAS SOCIAIS (envolveria o engajamento da juventude através das redes sociais virtuais) e A RELAÇÃO COM NOVAS EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS (envolveriam as novas profissões que surgiram por causa das novas tecnologias, como profissionais em TI, a tecnologia da informação, blogueiros e youtubers). Ou seja, são três aspectos diferentes que devem ser tratados em parágrafos diferentes. Então o ideal seriam três desenvolvimentos, embora isso não seja obrigatório.
Na verdade, essa é uma característica da CONSULTEC. As provas da Uneb já apresentaram esses comandos em alguns anos, e o candidato precisou ficar atento. 

PROVA CESPE/UnB 2016 - após uma coletânea de textos sobre a guerra,  o tema era Guerras: derrota para a humanidade. A prova pedia que se abordassem no texto os seguintes aspectos: 
- motivações para as guerras
- o impacto da evolução do conhecimento nas guerras
- a guerra como derrota para vencidos e vencedores
Não é obrigatório escrever na ordem que a prova dá, mas essa direcionou pela lógica: os itens 1 e 2 representam causa e consequência respectivamente. Além disso, esses dois itens podem ser tratados em um parágrafo só. O terceiro item envolve dois vieses: a guerra como derrota para os vencidos e derrota para os vencedores. Esse poderia ser dividido em dois parágrafos ou ser feito em um só, o que vai determinar é a quantidade de argumentos que se tem. Mas, deve-se lembrar, o ideal são três parágrafos de desenvolvimento no maximo!
A CESPE tem a característica de exigir itens dentro da argumentação, e isso restringe um pouco as ideias do candidato. Outra característica é que essa banca geralmente propõe um estudo de caso: ela apresenta um problema para ser investigado. São analisados casos específicos para que o candidato transporte para casos gerais. Isso exige análise crítica, identificando o problema, analisando evidências, desenvolvendo argumentos lógicos e propondo soluções . Por isso, na prova não pode haver a conclusão com uma simples dedução ou um resumo do texto, nem mesmo com questionamentos retóricos, mas sim com soluções práticas e viáveis para o problema. 

PROVA ENEM
- Essa prova não costuma limitar o texto com comandos de abordagem. Geralmente o candidato fica livre para produzir seus argumentos e fazer a abordagem da forma que achar melhor, desde que não fuja da proposta. No entanto, não custa nada ficar atento às instruções da prova para cumprir tudo que for exigido.