"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."

terça-feira, 18 de julho de 2017

ESTRUTURA POLIFÔNICA

          Ao pé da letra, Polifonia significa: vários sons. Para Mikhail Bakhtin, pensador russo, pesquisador da linguagem, polifonia é a presença de vários textos dentro de um texto. O autor faz a inserção de outros textos dentro do seu para redigi-lo. Aí se constrói o texto dialógico, em que há um diálogo entre pensamentos diversos sobre o tema em questão. O texto fica ainda mais criativo quando se inserem pensamentos opostos para que haja o que a dialética chama de síntese, fruto do cruzamento de uma tese com uma antitese.
          No nosso caso, a polifonia dentro da redação seria a inserção de pontos de vista diferentes sobre o tema que devemos abordar. Comumente, para redigirmos o texto, fazemos um rascunho de ideias, em que colocamos no papel todas as ideias que surgem na nossa cabeça, relacionadas ao tema, frutos de brainstorm. Depois disso, relacionamos as ideias que têm a ver umas com as outras, escolhemos as evidências que temos para sustentá-las e redigimos. Na estrutura polifônica, não fazemos brainstorm. Nesse tipo de rascunho, levantamos todos os personagens relacionados ao tema e suas visões  sobre ele. Por exemplo, se o tema for greve, temos as visões de: funcionário público, funcionário privado, mídia, população que apoia a greve, população que não apoia a greve, rodoviários, professores, médicos, polícia fazendo greve, polícia trabalhando na greve de outra categoria, dentre outros. Ao levantar esses personagens, procuramos abordar o panorama da greve dessas categorias, se são curtas ou longas, se são apoiadas pela população ou não, se são perigosas ou não, se conseguem seus direitos ou não, e escolhemos dois ou três desses pontos de vista para serem contrapostos dentro do texto. 
          O detalhe desse tipo de texto é o cuidado para não se tornar extremamente expositivo. Como são expostos pontos de vista de outras pessoas, e não exatamente de quem está redigindo, a tendência é expor os fatos e esquecer de fazer sua crítica, de trazer seus argumentos. Um texto dissertativo-expositivo é perfeitamente possível e aceito; porém, se você estiver fazendo uma prova como o Enem, o texto exigido é o dissertativo-argumentativo, ou seja, pouca exposição, e mais argumento. Então, ao trazer pontos de vista dos outros, é bom inserir sua crítica a eles, ou ao final dos desenvolvimentos, ou intercalando termos que mostrem sua posição (como: infelizmente, vergonhosamente, absurdamente, felizmente, acertadamente).
             Para fazer a conclusão de um texto polifônico, você deve entrar como um conciliador. Você deve apresentar uma solução que seja viável para os dois pontos de vista apresentados, que os concilie e traga a melhor saída para resolver o problema. Então talvez você precise de mais de uma solução.
         A estrutura polifônica não é uma exigência de provas, ela é uma escolha de quem está redigindo. Se você quiser fazer um texto com uma abordagem um pouco diferente dos seus concorrentes, essa é uma saída. Boa sorte!

P.s.: Já que falei do tema greve, que tal treinar com ele? Tente esse: GREVE: UM DIREITO DE TODOS OU UM PROBLEMA PARA A POPULAÇÃO?

Nenhum comentário:

Postar um comentário