"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Tema: O Discurso de Ódio nos Sites de Rede Social


TEXTO 1
O grande sonho de um mundo em que as pessoas se comuniquem de forma horizontal se transformou em pesadelo para muita gente: apenas a ONG Safernet contabilizou, nos últimos 11 anos, quase quatro milhões de denúncias de violações de direitos humanos envolvendo mais de 600 mil páginas diferentes. As pessoas ameaçadas, difamadas e que sofrem discurso de ódio na internet são exatamente os principais alvos de violência na vida off-line. (...)

Internet também é direito
A cobrança por mais transparência das plataformas (como Google e Facebook) e o fortalecimento da governança multissetorial foram algumas das questões apontadas para que a liberdade nas redes se mantenha, porém sem violações. “O combate a crimes no âmbito do Whatsapp não pode passar por um combate à criptografia, por exemplo.
A proteção da privacidade é necessária para que grupos minoritários vocalizem debates e demandas”, defendeu Paulo Rená, do Ibidem. Patrícia Cornils, da ONG Actantes, segue a mesma linha. Ela lembra que o anonimato, tão usado no Brasil para ataques, também permite atuar em rede sem deixar rastros e pode criar espaços seguros de comunicação e compartilhamento.





TEXTO 2
O Brasil é um dos líderes mundiais em número de usuários no Facebook, Twitter e YouTube, e o comportamento das pessoas nessas redes sociais nem sempre é pacífico. Segundo especialistas em direito digital, discussões acaloradas são perfeitamente normais, mas o mundo virtual também tem suas leis, e elas são bem concretas.
"Não podemos confundir liberdade de expressão nas redes sociais com irresponsabilidade, senão torna-se abuso de direito", alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em direito digital. "O que mais prejudica a liberdade de todos é o abuso de alguns, a ofensa covarde e anônima, isso não é democracia." (...)
  Na  opinião de Peck, a falta de educação e a impunidade contribuem para os excessos na internet. "Sem educação em ética e leis, corremos o risco de a liberdade de expressão e o anonimato digital se tornarem verdadeiros entraves na evolução da sociedade digital, pois torna o ambiente da internet selvagem e inseguro", observa.
Os crimes contra honra na internet são combatidos com leis já existentes, como a própria Constituição, o Código Civil e o Código Penal. Já a Lei do Marco Civil da Internet acabou justamente por contribuir para o aumento dos crimes digitais, afirma Peck. Segundo ela, o texto dificulta as investigações por exigir o despacho de ordens judiciais. "Isso elimina o 'flagrante online', essencial para combater crimes como cyberterrorismo, pornografia infantil e tráfico de entorpecentes", diz.



TEXTO 3 
Encontrar expressões e definições em inglês, na internet, não é um trabalho muito difícil de realizar. Afinal, ser um ‘nerd’ online, fazer o ‘download’ de um arquivo, abrir um conta no ‘Facebook’, ou ‘twittar’, são ações comuns para quem conhece e utiliza diferentes canais do universo online. Atualmente, mais uma nova definição tem ganhado força na web, são os ‘haters’. Caracterizados como disseminadores de ódio na internet, os haters - do inglês ‘hate’,  que significa ódio - passam seu tempo atacando a opinião de outros usuários ou veiculando mensagens de cunho racistas, homofóbicos, xenófobos, bairristas e de intolerância em geral.
Em diversas redes sociais, na sessão de comentários de grandes portais de notícias, em grupos ou fóruns de debates, é recorrente a propagação de ações isoladas ou conjuntas desse grupo de pessoas. Casos emblemáticos, principalmente envolvendo pessoas já conhecidas na mídia, tem ganhado repercussão e ampliado o debate sobre a prática de ações motivadas por desrespeito e ódio às diferenças. Para o sociólogo Francisco Mesquita, os acontecimentos apenas refletem o processo de formação da sociedade brasileira.
“O nosso processo de formação se baseia em um tripé histórico. Na escravidão, com um sujeito totalmente submisso e um sujeito totalmente dominador, sendo o escravo e o senhor. Também tivemos o surgimento da sociedade política coronelista, em que existiam dois sujeitos distintos, o senhor de terra, dominador, e o agricultor, o dominado. Nosso terceiro elemento de fundação da sociedade brasileira é a relação do português com o índio. De novo, outro grupo que submete. Em um período de 300 anos, tivemos a formação de uma cultura na qual você encontra grupos que se submetem e sempre existe a dicotomia do dominador e o dominado. Esses elementos, com suas distintas áreas, vão configurar, na atualidade, o nosso sujeito social. A questão do ódio na sociedade brasileira tem uma raiz cultural, vem da formação cultural”, esclarece.
Analisando dessa forma, o que a interpretação dos abusos propagados pela internet pode indicar é que os sujeitos não passaram, apenas agora, a serem mais intolerantes, mas só agora, em maiores proporções, tiveram oportunidade de dar vazão a ações de inferiorizarão e desrespeito a diferentes grupos.
“Nós estamos vivendo em uma sociedade em que a intolerância parece ser mais realçada por conta dos meios de comunicação que nós temos. Será que o ódio à diversidade, ao diferente, aumentou? Talvez não. O que pode ter acontecido é que os meios de comunicação facilitam a circulação, de forma mais abrangente e até em escala mundial, de certas atitudes do que no passado. A sociedade está se tornando mais intolerante? Talvez não. A sociedade tem ganhado meios de comunicação que tornam visíveis essas práticas de intolerância na sociedade”, lembra o sociólogo.


PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base no seu conhecimento de mundo, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O Discurso do Ódio nos Sites de Rede Social”, apresentando uma proposta de intervenção . Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de vista.



quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A COMPLEXA RELAÇÃO ENTRE O HOMEM URBANO CONTEMPORÂNEO E O CARRO

TEXTO 1

“Se passar no vestibular, você ganha um carro!” A estratégia utilizada por alguns pais pode até funcionar como um estímulo; mas, segundo psicólogos, associar o esforço pessoal do filho a recompensas unicamente materiais dificulta o processo de amadurecimento do adolescente. “A promessa de recompensa funciona como um estímulo externo ao desenvolvimento do jovem, que com 18 anos já pode ser mobilizado pelos próprios desejos. Esse tipo de educação não promove a autonomia do indivíduo e pode provocar o prolongamento da adolescência”, avalia a psicopedagoga Laura Monte Serrat Barbosa, mestre em Educação. Para a especialista, o maior prêmio é o jovem compreender os benefícios do seu esforço.
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vestibular/conteudo.phtml?id=801035

TEXTO 2


TEXTO 3
“O carro propicia “status”, prazer, economiza tempo e estabelece-se, inclusive, uma certa relação amorosa entre o proprietário e seu veículo. No entanto, o automotor é responsável por uma enorme agressão ao meio ambiente e reforça o sedentarismo, fator que reflete negativamente na saúde do ser humano, sem falar nas muitas colisões, nos atropelamentos e suas repercussões. É preciso refletir sobre o uso indiscriminado desse meio de transporte! Para viagens casa-trabalho e para pequenos deslocamentos, deve ser evitado o seu uso. O transporte coletivo, pelo número de pessoas que transporta, é menos poluente e deve ser utilizado, além dos meios alternativos como a bicicleta.”
Giselle Noceti Ammon Xavier, coordenadora do projeto Pedala Floripa

TEXTO 4
“A falta de alternativas agrava a situação. Como Salvador é dependente de ônibus, principalmente por causa do perfil social da população que tem renda baixa e precisa desse tipo de transporte, com as paralisações, a cidade fica um caos. O sistema de trens urbanos, que serve à região do subúrbio, não é suficiente para aliviar o problema. A linha vai da Calçada a Paripe e é usada por apenas 20 mil pessoas diariamente. Além disso, o trem não é integrado ao resto do sistema de transporte. Para completar, a obra do metrô anda a passos de tartaruga. [No entanto] ainda que estivesse operando, o metrô “calça-curta” não resolveria. “
Jornal da Metrópole, 15/05/2009

TEXTO 5
“(...)O problema tem raízes bem mais profundas. O que é a violência, no trânsito ou em qualquer lugar? O trânsito é violento porque nele há manifestações de poder e conflitos sociais mal-resolvidos, e Estado ausente. O trânsito espelha a nossa sociedade extremamente desigual. Há pouca fiscalização e escassas punições porque automóveis particulares são sinais externos de força social e status. [Eles] foram elevados a ícones da classe bem-sucedida, que detém o poder.”
MIRANDA, Denir Mendes. Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, in http://frentetransitoseguro.com.br

TEXTO 6
“(...) Os motoristas que circulam nas grandes cidades brasileiras costumam se colocar na posição de sentinela prestes a enfrentar o inimigo. Qualquer comportamento considerado inadequado de outro motorista é motivo para o sangue subir à cabeça – e para o destempero que se traduz em buzinadas impacientes, "fechadas", palavras e gestos ofensivos. Muitas vezes, o motorista considera intolerável uma pequena infração que ele próprio costuma cometer. Eu posso, mas os outros não podem, é o argumento – quase sempre inconsciente – nesses casos. Por trás da selva em que se transformou o trânsito, repousa uma questão intrigante. A maioria dos motoristas só se comporta de forma agressiva quando está no carro. Fora dele, são pessoas de temperamento moderado. Por que, então, perdem a compostura e se tornam feras ao volante? As explicações mais comuns para essa mudança de atitude dizem respeito à irritação causada por congestionamentos cada vez mais freqüentes, à pressa e ao stress da vida moderna. Esses componentes certamente fazem parte da fúria motorizada, mas não são suficientes para justificá-la. “
http://veja.abril.com.br/290409/p_108.shtml

TEXTO 7


ESCREVA UM TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO EM QUE VOCÊ DISCORRA CRITICAMENTE SOBRE A COMPLEXA RELAÇÃO ENTRE O HOMEM URBANO CONTEMPORÂNEO E O CARRO. O TÍTULO É OBRIGATÓRIO!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Maioridade Penal

Evidências:
MAIORIDADE PENAL (pagar penalmente como adulto) x IMPUTABILIDADE  PENAL (ser responsabilizado pelo crime cometido)

A discussão é sobre a redução da maioridade penal, e não da imputabilidade. Será que resolve?

MAIORIDADE PENAL x MAIORIDADE CIVIL

A discussão é sobre a idade para pagar penalmente pelo crime cometido, e isso não libera o jovem para fazer coisas que são proibidas em termos civis, como, por exemplo, dirigir com menos de 18 anos; comprar bebidas alcoólicas e colocar tatuagens sem autorização dos pais. Para isso acontecer aos 16 anos, teria que mexer na maioridade civil.

FATOS
Nos 54 países que reduziram a maioridade penal não se registrou redução da violência. A Espanha e a Alemanha voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos. Hoje, 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima.
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O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo (aproximadamente 700 mil). Perde apenas para os EUA (2,2 milhões) e China (1,6 milhão).
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Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça- menores são responsáveis por 0,9% do total dos crimes praticados no Brasil. Se considerados apenas homicídios e tentativas de homicídio, o percentual cai para 0,5%; e crimes patrimoniais como furto e roubo (43,7% do total) e envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%) constituem a maioria dos delitos praticados pelos menores que se encontram em instituições assistenciais do Estado cumprindo medida socioeducativa. 

DADOS, ESTATÍSTICAS E PESQUISAS

92,7% da população brasileira aprova a redução da maioridade penal (pesquisa da CNT- Confederação Nacional do Transporte, 2013)
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ONU, 2014, pesquisa Crime Trends (Tendências do Crime)- os países que consideram adulto, para fins penais, pessoa com menos de 18 anos são os que apresentam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à exceção dos Estados Unidos e Inglaterra.
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Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), 2013- 57,4% dos nossos juízes são favoráveis à redução de 18 para 16 anos da maioridade penal
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Febem de São Paulo- maioria dos internos procedente dos bairros mais violentos de São Paulo
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Estudantes de 13 e 15 anos, 50,3% já ingeriram bebidas alcoólicas, 21,7% já dirigiram veículos motorizados, 7,3% afirmaram já ter feito uso de drogas ilícitas pelo menos uma vez.(IBGE –Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013)
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Dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública da Bahia indicam que o número de homicídios cometidos por adolescentes cresceu 117% nos últimos cinco anos.


   TESTEMUNHOS

OAB, Ordem dos Advogados do Brasil: "Redução da maioridade penal não fará criminalidade diminuir“
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Advogadol Flávio Dino, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil e membro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara- uma alternativa à redução seria o aumento das penas dos maiores que se utilizassem dos menores para a prática dos delitos.
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Psiquiatra Leonardo Sauaia, do Núcleo de Psiquiatria Forense do Hospital das Clínicas de São Paulo, atuando, também, como psiquiatra da Febem, em São Paulo- "alguém que vive em um meio de absoluta impunidade tem mais possibilidades de delinquir porque sabe que isso não é problema".
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"Você só respeita aquilo que você teme. Se acreditar que com 17 anos não vai acontecer nada com você, vai praticar o crime." Jair Bolsonaro, Deputado Federal
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"Os políticos querem oferecer respostas fáceis e usam a redução maioridade penal como bandeira para gerar falsas ideias de solução para o problema da violência." Mário Volpi, oficial de Projetos do Unicef
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“O Estatuto da Criança e do Adolescente é a Lei da Impunidade no Brasil”- secretário de segurança pública do Piauí, Robert Rios


ESSE TEMA É BIPOLAR E, PORTANTO, PEDE QUE VOCÊ MOSTRE OS DOIS LADOS DA POLÊMICA: O QUE ALEGAM OS QUE DEFENDEM A REDUÇÃO, E O QUE AFIRMAM OS QUE SÃO CONTRA.
PARA A CONCLUSÃO, É BOM PROPOR UMA MUDANÇA EM ALGUMAS ÁREAS DO PAÍS ANTES DE SE APROVAR A REDUÇÃO DA MAIORIDADE.



domingo, 30 de julho de 2017

CONCLUSÃO PARA O ENEM

          O Enem corrige as redações baseado em cinco competências: a que avalia a norma padrão, que precisa ser utilizada pelo candidato; a que avalia a linguagem usada, que tem que ser formal, adequada, com vocabulário vasto e expressões adequadas; a que avalia a compreensão da proposta, que determina se houve a fuga total ou parcial do tema; a que avalia a seleção de ideias e sua organização, bem como o uso de conhecimento de outras áreas do saber; e, finalmente, a que avalia a criação de uma proposta de intervenção social.
          Na criação da proposta de intervenção social, a prova exige detalhamento. Isso serve para evitar soluções vagas e pouco eficazes, como "as autoridades (ou a população) precisam se conscientizar" ou "o governo deve criar políticas públicas". Essas propostas superficiais mostram desconhecimento e despreparo do candidato que não faz ideia do que fazer para resolver, solucionar ou amenizar o problema abordado. Portanto, aquele que faz uma boa proposta, detalhando bem sua ideia, diferencia-se dos concorrentes e ganha pontos.
          Para o detalhamento, devem-se definir 4 coisas:
- O quê você propõe que deve ser feito
- Quem ou o quê deve por em prática sua proposta
- Como deve ser feita
- Para quê deve-se fazer o que você propõe, o que essa proposta deve gerar na sociedade
          O que ajuda bastante ao fazer esse detalhamento é saber a qual poder, área, ministério ou órgão  você deve recorrer, pois isso mostra que você tem domínio do que está propondo. É interessante dizer qual o ministério deve fazer, através de qual órgão, ou secretaria, por exemplo. Isso não é obrigatório, mas faz muita diferença. Segue um pequeno esquema:

PODER LEGISLATIVO   (Se sua proposta for relacionada a leis)

PODER JUDICIÁRIO      (Se sua proposta for relacionada a julgamentos ou cumprimento das leis)

PODER EXECUTIVO      (Se sua proposta for relacionada a ação administrativa ou governamental)      

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     Ministérios  (São subordinados à administração do poder executivo e do seu chefe, o presidente. Têm autonomia técnica, financeira e administrativa para executar as ações nas suas áreas de competência. Cada ministério é responsável por uma área.
   
- Principais ministérios:
* CASA CIVIL - acessoria e fiscalização do presidente
* FAZENDA - tesouro nacional, recursos financeiros do país
* EDUCAÇÃO
* SAÚDE
* CULTURA
* JUSTIÇA - segurança pública
* DEFESA - segurança do país através das Forças Armadas

Os poderes e os ministérios agem através de órgãos, secretarias (em algumas áreas), agentes, entidades ou corporações. Por exemplo: o poder Legislativo tem os órgãos: câmara municipal, assembleia legislativa e senado. O Ministério da Fazenda tem a Secretaria da Fazenda. O Ministério da Justiça tem o órgão polícia. O órgão polícia civil exerce funções de poder judiciário. E o poder Judiciário tem órgãos como o Supremo Tribunal Federal e os Tribunais regionais.

Independente desses, sua proposta pode dar a responsabilidade à mídia (que pode agir através das emissoras de rádio e TV, ou jornais e revistas ou internet), à família (que age através dos responsáveis), à escola (agindo através de aulas, educadores e estratégias educativas) e à população e/ou comunidade (agindo através de ações populares)

Portanto, quando você fizer sua proposta de ação social, seja específico sobre quem irá realizá-la, e isso fará toda a diferença.

Tema Bipolar 2

          Como foi escrito no primeiro post sobre o Tema Bipolar, o ideal, em uma redação que pede esse tema, é mostrar que você está por dentro da polêmica levantada e sabe expor os dois lados da questão. O detalhe é que a sua opinião sobre o assunto também deve aparecer, e o local escolhido para isso faz toda a diferença. Então vamos lá:
- primeiro de tudo, deve-se levantar o que os dois lados alegam e reservar um desenvolvimento para cada. Para iniciar os desenvolvimentos, podem-se usar as expressões: "A parte da sociedade que é a favor dessa questão alega que" e "Já as pessoas que são contra a medida afirmam que". E assim colocam-se dois ou três pontos defendidos por eles.
- o segundo passo é trazer para o texto fatos conhecidos da sociedade que sustentem as alegações. Preste atenção que aí já começa a aparecer sua opinião. Se você concordar com o ponto de vista, pode trazer os fatos para sustentá-lo através da expressão "de fato". Caso você discorde, a expressão usada pode ser "eles se baseiam no fato de que".
- O terceiro e último passo é incluir sua crítica nesses desenvolvimentos. Se você concordar com o ponto de vista, você fará o ponto, e ele pode ser iniciado com as expressões "Dessa maneira", "Assim", "O que se conclui é ", "Portanto" e tantos outros conectivos conclusivos que introduzam sua opinião a favor. Se, porém, você discorda do ponto de vista apresentado, você fará um contraponto no final do desenvolvimento, e ele pode ser iniciado com "No entanto" e "Entretanto".
          Depois disso, você pode partir para a conclusão. Já que o tema Bipolar é polêmico, ele traz uma discussão para qual a sociedade ainda não tem certeza da melhor solução. Então talvez não caiba a você decidir a polêmica. Nessa conclusão, o ideal é apresentar uma proposta de intervenção social que diga onde o país precisa mexer e o que tem que ser corrigido antes de se tomar qualquer decisão sobre o assunto polêmico. Assim você foge da obrigação de solucionar algo tão complexo, mas também não fica em cima do muro.
         Boa sorte!

TEMAS BIPOLARES:
- Legalização do aborto
- Descriminalização da maconha
- Eutanásia
- Desarmamento da população civil
- Redução da maioridade penal
- Pena de morte no Brasil

terça-feira, 18 de julho de 2017

ESTRUTURA POLIFÔNICA

          Ao pé da letra, Polifonia significa: vários sons. Para Mikhail Bakhtin, pensador russo, pesquisador da linguagem, polifonia é a presença de vários textos dentro de um texto. O autor faz a inserção de outros textos dentro do seu para redigi-lo. Aí se constrói o texto dialógico, em que há um diálogo entre pensamentos diversos sobre o tema em questão. O texto fica ainda mais criativo quando se inserem pensamentos opostos para que haja o que a dialética chama de síntese, fruto do cruzamento de uma tese com uma antitese.
          No nosso caso, a polifonia dentro da redação seria a inserção de pontos de vista diferentes sobre o tema que devemos abordar. Comumente, para redigirmos o texto, fazemos um rascunho de ideias, em que colocamos no papel todas as ideias que surgem na nossa cabeça, relacionadas ao tema, frutos de brainstorm. Depois disso, relacionamos as ideias que têm a ver umas com as outras, escolhemos as evidências que temos para sustentá-las e redigimos. Na estrutura polifônica, não fazemos brainstorm. Nesse tipo de rascunho, levantamos todos os personagens relacionados ao tema e suas visões  sobre ele. Por exemplo, se o tema for greve, temos as visões de: funcionário público, funcionário privado, mídia, população que apoia a greve, população que não apoia a greve, rodoviários, professores, médicos, polícia fazendo greve, polícia trabalhando na greve de outra categoria, dentre outros. Ao levantar esses personagens, procuramos abordar o panorama da greve dessas categorias, se são curtas ou longas, se são apoiadas pela população ou não, se são perigosas ou não, se conseguem seus direitos ou não, e escolhemos dois ou três desses pontos de vista para serem contrapostos dentro do texto. 
          O detalhe desse tipo de texto é o cuidado para não se tornar extremamente expositivo. Como são expostos pontos de vista de outras pessoas, e não exatamente de quem está redigindo, a tendência é expor os fatos e esquecer de fazer sua crítica, de trazer seus argumentos. Um texto dissertativo-expositivo é perfeitamente possível e aceito; porém, se você estiver fazendo uma prova como o Enem, o texto exigido é o dissertativo-argumentativo, ou seja, pouca exposição, e mais argumento. Então, ao trazer pontos de vista dos outros, é bom inserir sua crítica a eles, ou ao final dos desenvolvimentos, ou intercalando termos que mostrem sua posição (como: infelizmente, vergonhosamente, absurdamente, felizmente, acertadamente).
             Para fazer a conclusão de um texto polifônico, você deve entrar como um conciliador. Você deve apresentar uma solução que seja viável para os dois pontos de vista apresentados, que os concilie e traga a melhor saída para resolver o problema. Então talvez você precise de mais de uma solução.
         A estrutura polifônica não é uma exigência de provas, ela é uma escolha de quem está redigindo. Se você quiser fazer um texto com uma abordagem um pouco diferente dos seus concorrentes, essa é uma saída. Boa sorte!

P.s.: Já que falei do tema greve, que tal treinar com ele? Tente esse: GREVE: UM DIREITO DE TODOS OU UM PROBLEMA PARA A POPULAÇÃO?

PECULIARIDADES DAS PROVAS DE REDAÇÃO

          Para fazer uma boa redação, além de todas as dicas e cuidados que devem ser tomados, a compreensão do que se exige na prova é mais do que meio caminho andado. Cada prova tem particularidades quando apresentam um tema aos candidatos e dá comandos para direcionar o texto que será produzido. Por esses comandos, o candidato é capaz de perceber até quantos desenvolvimentos deverá fazer e como irá fazê-los.
          Vamos aos exemplos:
PROVA DA Uesb 2014 - Essa prova apresentava dois temas de redação, e o candidato deveria escolher um. Um dos temas dizia o seguinte: "manifeste seu pensamento, ao escrever um texto dissertativo-argumentativo sobre o perfil da 'Geração Milênio' , constituída de 'jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000, que estão interligados pela rede mundial, onde compartilham ideias e ambições'.". Abaixo do tema, a prova coloca observações, e uma delas é: focalize, em seu texto, por exemplo, a relação de sua geração com a tecnologia, com as causas sociais, com novas experiências profissionais. 
- Essa prova pediu três aspectos diferentes: A RELAÇÃO DA GERAÇÃO MILÊNIO COM A TECNOLOGIA ( envolveria o uso dos sites de rede social, aplicativos de mensagens instantâneas, pesquisas em sites de busca e até relacionamentos virtuais), A RELAÇÃO COM AS CAUSAS SOCIAIS (envolveria o engajamento da juventude através das redes sociais virtuais) e A RELAÇÃO COM NOVAS EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS (envolveriam as novas profissões que surgiram por causa das novas tecnologias, como profissionais em TI, a tecnologia da informação, blogueiros e youtubers). Ou seja, são três aspectos diferentes que devem ser tratados em parágrafos diferentes. Então o ideal seriam três desenvolvimentos, embora isso não seja obrigatório.
Na verdade, essa é uma característica da CONSULTEC. As provas da Uneb já apresentaram esses comandos em alguns anos, e o candidato precisou ficar atento. 

PROVA CESPE/UnB 2016 - após uma coletânea de textos sobre a guerra,  o tema era Guerras: derrota para a humanidade. A prova pedia que se abordassem no texto os seguintes aspectos: 
- motivações para as guerras
- o impacto da evolução do conhecimento nas guerras
- a guerra como derrota para vencidos e vencedores
Não é obrigatório escrever na ordem que a prova dá, mas essa direcionou pela lógica: os itens 1 e 2 representam causa e consequência respectivamente. Além disso, esses dois itens podem ser tratados em um parágrafo só. O terceiro item envolve dois vieses: a guerra como derrota para os vencidos e derrota para os vencedores. Esse poderia ser dividido em dois parágrafos ou ser feito em um só, o que vai determinar é a quantidade de argumentos que se tem. Mas, deve-se lembrar, o ideal são três parágrafos de desenvolvimento no maximo!
A CESPE tem a característica de exigir itens dentro da argumentação, e isso restringe um pouco as ideias do candidato. Outra característica é que essa banca geralmente propõe um estudo de caso: ela apresenta um problema para ser investigado. São analisados casos específicos para que o candidato transporte para casos gerais. Isso exige análise crítica, identificando o problema, analisando evidências, desenvolvendo argumentos lógicos e propondo soluções . Por isso, na prova não pode haver a conclusão com uma simples dedução ou um resumo do texto, nem mesmo com questionamentos retóricos, mas sim com soluções práticas e viáveis para o problema. 

PROVA ENEM
- Essa prova não costuma limitar o texto com comandos de abordagem. Geralmente o candidato fica livre para produzir seus argumentos e fazer a abordagem da forma que achar melhor, desde que não fuja da proposta. No entanto, não custa nada ficar atento às instruções da prova para cumprir tudo que for exigido.