"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."

domingo, 6 de setembro de 2015

O TEMA BIPOLAR

A exigência maior dos vestibulares, quando o assunto é redação, é a produção de texto. Embora pareça óbvio o que se quer na prova, é preciso refletir sobre essas palavras: PRODUZIR um texto é criá-lo, e não copiá-lo. Muitos estudantes escrevem em suas dissertações comentários e opiniões que ouviram no jornal, ou que leram na internet, ou até que os seus professores falaram. Assim o aluno não se dá conta de que está REPRODUZINDO discursos e textos. Isso é uma REPRODUÇÃO DE TEXTO, e não é isso que a prova quer. Sua crítica, sua opinião e seus argumentos podem até ser embasados em outros com os quais concordam, mas o texto produzido deve ser seu. Você não deve contar, ou expor, o que todos já sabem simplesmente, mas deve usar o que todos já sabem para mostrar o que você acha disso.
Por outro lado,  o tema bipolar, de alguma maneira, exige uma pequena reprodução. Esses temas são aqueles que envolvem alguma polêmica, um assunto que, como o nome já diz, tem dois polos, dois lados opostos que não podem ser ignorados. Por exemplo, a discussão sobre a descriminalização da maconha, sobre a legalização do aborto, sobre o desarmamento da população, sobre a internação compulsória dos viciados em narcóticos e sobre a eutanásia.
Todos esses temas descritos acima têm seus aspectos positivos e negativos. Eles têm vantagens que não podem ser negadas e têm também problemas que não podem ser ignorados. Por causa disso, o vestibular pede que os dois polos do tema sejam abordados pelo concorrente. É aí que a reprodução de texto acontece; porque, quando escrevemos os pontos positivos e negativos, reproduzimos o que todos já sabem, porém mostramos ao corretor que temos conhecimento sobre  o assunto, que lemos, que estudamos, que pesquisamos.
Se a prova pedir apenas a dissertação-expositiva, mostrar esses dois polos já é o suficiente para fechar o texto. No entanto, se estamos fazendo a prova do Enem, que pede o texto dissertativo-argumentativo, reproduzir texto não é suficiente. Você precisa deixar o corretor ver sua crítica em cima dos benefícios e malefícios abordados. Como fazer isso? Varia! Você pode colocar sua opinião espalhada por cada desenvolvimento à medida que vai expondo os fatos, ou pode deixar para se posicionar apenas no parágrafo de conclusão, logo depois colocando uma sugestão de intervenção social para o problema. 
O que não se pode esquecer é que o tema bipolar exige que eu saiba escrever sobre ele sob todos os ângulos, que eu tenha conhecimento das vertentes, das causas, das consequências e da importância de se discutir sobre o assunto. Essa ideia de que futebol, política e religião não se discutem porque são polêmicos pode até existir, mas como crescer sem dialogar sobre eles? Assim também acontece com o tema bipolar.


domingo, 30 de agosto de 2015

DOS DIREITOS HUMANOS...


     Constantemente vejo os alunos afirmarem que a prova do Enem prima por respeitar os direitos humanos e requer isso de seus candidatos; porém, pergunto-me, quantos sabem o quê e quais são esses direitos?
     Bem, primeiramente, cabe ressaltar que há uma diferença (talvez mínima) entre DIREITOS HUMANOS  e DIREITOS FUNDAMENTAIS:
- Os Direitos HUMANOS têm um caráter mais universal. São os direitos que tem a pessoa humana internacionalmente, em qualquer lugar que ela for, como os de ir e vir e de se expressar.
- Os Direitos FUNDAMENTAIS têm um caráter territorial. Eles são positivados e reconhecidos por cada Constituição, de cada Estado.

A prova do Enem pede que, na redação, seus candidatos não firam os direitos humanos. Então vamos a eles:

     Os direitos humanos visam a proteger a pessoa humana. Eles são inerentes ao ser humano e reconhecem que qualquer um pode desfrutar deles, independente de cor, sexo, idade, religião, orientação política e classe social. Esses direitos são protegidos por lei e se levantam em favor da dignidade da pessoa humana, tentando impedir qualquer ação que interfira na liberdade fundamental de cada um.
     Dentre os direitos humanos, estão o direito à vida, à liberdade, à liberdade de opinião e expressão,  o direito ao trabalho e o direito à educação. Portanto, ao fazer a prova de redação, não se pode escrever nada que pareça estar invadindo e destruindo esses direitos, por mais que o argumento seja válido e fundamentado. Se ousarmos ferir um deles, significa que nos colocamos como referencial absoluto e as pessoas precisam andar segundo as nossas regras e o que achamos que devemos fazer. Nem precisa lembrar que a prova não quer isso! De ditadores e egoístas, o mundo está farto!
      No entanto, algumas observações precisam ser feitas. Em um comentário de um aluno, questionou-se se a prisão de um assaltante, ou sequestrador, ou estuprador, não estaria ferindo o direito de ir e vir dele, a sua liberdade. Embora a pergunta seja plausível, deve-se lembrar que:
- Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, ou seja, nenhum direito é absoluto nem maior do que os outros. A partir do momento em que alguém abusa dos seus direitos e fere os outros, precisa-se tomar alguma providência para que as outras pessoas não tenham seus direitos violados.
- Os direitos humanos são inalienáveis, ou seja, não podem ser vendidos, nem cedidos, nem passados para outro; e ninguém pode tê-los negados, ninguém pode ser privado deles. No entanto, em situações específicas, como a pergunta do aluno, eles podem ser limitados ( e no Brasil, esse limite tem tempo determinado já que não existe pena perpétua aqui).

Resumindo: Os direitos humanos são fundados na dignidade da pessoa humana, respeitam o valor de cada um, são universais por serem aplicados de forma igual e sem discriminação e são interdependentes sem sobrepor um ao outro. Pelo menos em tese, na teoria, são assim. Seria até boa ideia questionar se realmente estão sendo usados de forma igual e sem discriminação, mas lembre que você precisa de embasamento para afirmar tal coisa.
         No mais, boa sorte na escrita e VAMOS PRATICAR!

sábado, 8 de agosto de 2015

O que é VERBO?

Bom, verbo vem do latim, verbum, e é a palavra que indica alguns processos, dentre eles:

ação (escrever);
estado (permanecer);
fenômeno (chuviscar);
ocorrência (nascer);
desejo (querer).


Não sei para vocês; mas, para mim, isso tem tudo a ver com a mulher!! Nós temos a atitude e a AÇÃO nos pés, resolvemos tudo, tomamos a frente. No entanto, por causa da famosa TPM, às vezes, ESTAMOS: estamos chatas, estamos choronas, estamos nervosas, frágeis, zangadas, violentas... Estamos, não somos! SOMOS outras coisas mais interessantes e equilibradas. Podemos ser um FENÔMENO na vida de alguém, ou uma OCORRÊNCIA. E, com certeza, somos sempre o objeto de DESEJO de alguém.

          Esse turbilhão verbal que é a mulher foi traduzido lindamente com muitos neologismos (criação, invenção de palavras) do Michel Melamed. Assistam ao vídeo abaixo:



Nome à Pessoa
Michel Melamed
 

Observanessa, perceberenice, arriscamila,
Embromárcia, aproximargareth,
Conversarah, envolverônica, submetereza

Sentirene, conquistarlete, mescláudia,
Lambeatriz, abraçabrina,
Mordenise, amaria, beijanaína

Ligou o nome à pessoa, perdoa, pessoa
Ligou o nome à pessoa, perdoa, pessoa

Agradesimone, esclareceleste, buscarmen,
Surtatiana, pensophia
Vacilaura, enciumonique, engolívia

Desejanice, agarraquel, roubárbara,
Ligabriela, esquecelina
Provocarla, concordana, suplicarolina

Ligou o nome à pessoa, perdoa, pessoa
Ligou o nome à pessoa, perdoa, pessoa


OBS: Triste aqui, porque meu nome, Coxise, jamais vai aparecer em músicas assim. E triste duas vezes; porque, se aparecesse, imagine os verbos usados para formar o neologismo?? Aaaargh! SEM COMENTÁRIOS! Até parece que meu nome me entristece... 












          Já reparou como um término de namoro é sempre problemático? Se o motivo não for aparente então, é pior ainda! Quando o sentimento esfria, qualquer coisa é motivo para terminar: o esquecimento de uma data especial, um arroto dado em público, a falta de vontade de sair...
              No diálogo acima, a garota agiu como nós mulheres adoramos (inconscientemente?) agir: ela foi enigmática. Cheia de meias palavras. Ou até palavras inteiras, mas que não fazem o menor sentido para o homem. Para entender (ou, pelo menos, tentar) o que se passa em nossas cabecinhas confusas pelo estardalhaço dos hormônios em nosso corpo, eles nos enchem de pergunta. Isso irrita ainda mais!!!!! Mas é justo! Eles precisam entender. E nós TEMOS QUE EXPLICAR!
                     Então, que tal fazermos da nossa dissertação esse diálogo entre (ex) namorados? Só que precisaremos ser mais claros do que ela foi. Assim, pegue as perguntas que ele fez e tente aplicar nas afirmações que você escrever na dissertação. Como assim? Vejamos:

Afirmação: "Os turistas estão desistindo de viajar para a Bahia."

Pergunta: POR QUÊ?

Reestruturação: "Os turistas estão desistindo de viajar para a Bahia; porque, em 2014, o estado figurou como um dos mais violentos do país."

Pergunta: TIPO...? Ou seja, essa pergunta quer dizer: exemplifique!

Reestruturação "Os turistas estão desistindo de viajar para a Bahia; porque, em 2014, o estado figurou como um dos mais violentos do país. Um exemplo disso é o número de homicídios em Salvador, que aumentou em 57% no ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública."

Pergunta: O QUE ISSO QUER DIZER?


Reestruturação"Os turistas estão desistindo de viajar para a Bahia; porque, em 2014, o estado figurou como um dos mais violentos do país. Um exemplo disso é o número de homicídios em Salvador, que aumentou em 57% no ano passado, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Isso significa que não adianta dar atenção apenas ao carnaval e às praias privadas para movimentar o turismo na região. Deve-se melhorar a segurança e o policiamento, para os visitantes; porém, principalmente, para a própria população."

PRONTO! Assim temos um desenvolvimento bem escrito e com ideias sustentadas. Na parte final, ao invés de aparecerem dados e fatos, procure escrever sua crítica, sua análise - pessoal - do que foi escrito, e assim você terá um texto argumentativo verdadeiramente.

OBS.: Essa não é a única maneira de se dissertar. Existem várias formas de escrever um bom texto. Essa é apenas uma sugestão!

Boa sorte!


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A CARTA ARGUMENTATIVA


           Os vestibulares têm um histórico de pedir a dissertação argumentativa em suas provas, mas não existe nada que proíba o uso de outros gêneros ou outras tipologias textuais para o processo seletivo. Assim, vemos muitas provas pedindo a argumentação e assim abrindo a possibilidade para textos como: DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA, DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA, DISSERTAÇÃO MISTA, ARTIGO DE OPINIÃO E CARTA ARGUMENTATIVA.
             É sobre a carta que falaremos hoje. O famoso texto epistolar deve seguir uma estrutura específica, a qual colocarei abaixo. No entanto, o mais importante a lembrar é que esse é um texto que visa a persuadir, convencer através de argumentos. Esses argumentos são escritos na carta através da INTERLOCUÇÃO, que é o diálogo. Portanto, marcas do diálogo precisam estar presentes, traduzidas em: função fática (né? entendeu?compreendeu?percebe?), pontuação diferenciada (exclamação, interrogação, reticências, parênteses) e linguagem coerente com o personagem remetente.
            A carta é um excelente texto para utilizar a criatividade e vestir a personalidade de outra pessoa para escrever. Que tal experimentar?
Vamos à estrutura!!

sexta-feira, 12 de junho de 2015



O TEXTO NARRATIVO

      Em alguns vestibulares, a prova de redação pede que se faça um texto em prosa, abrindo assim a possibilidade de se redigir uma argumentação, descrição ou narração. Embora o texto mais escolhido entre os vestibulandos seja a argumentação, em especial, a dissertação, o texto narrativo figura como uma boa oportunidade de se utilizar de criatividade ao fazer a prova.
     A narração é uma tipologia textual que consiste em contar uma história. Dessa forma, existem elementos que precisam aparecer no texto narrativo, quais sejam: PERSONAGENS, ESPAÇO, TEMPO, ENREDO E NARRADOR. O discurso pode ser direto (quando se reproduzem as falas), indireto (quando o narrador conta o que foi falado) e indireto livre (quando as falas do narrador e da personagem se confundem).



ATENÇÃO!!!
No caso do vestibular, é bom considerar que a narrativa precisa obedecer ao tema proposto pela prova, portanto não deve ser uma história qualquer. Lembre-se de que o vestibular observa os candidatos que são críticos e sujeitos ativos, capazes de contribuir positivamente na sociedade em que vivem. Assim, é interessante fazer um texto narrativo em que se mostre uma crítica sobre o tema com possíveis sugestões de melhorias para a sociedade. É lógico que nem sempre o tema será um problema social, mas é bom levar isso em consideração. Para tanto, procure pensar em uma MORAL DA HISTÓRIA para seu texto, uma lição que se pode tirar dele, para assim redigir um texto diferenciado.

NARRAÇÃO X DISSERTAÇÃO
Muitas vezes, o candidato se propõe a escrever uma dissertação (e, muitas vezes, a prova só aceita esse tipo de texto), mas acaba – sem querer- redigindo um texto narrativo. Como isso é possível? Lembre-se de que a dissertação é um texto em que se expõem fatos para embasar opiniões e argumentos próprios sobre determinado assunto. No momento em que o candidato apenas conta fatos já conhecidos por todos, ele deixa de argumentar para NARRAR os fatos, transformando sua redação em uma NARRAÇÃO, e isso pode prejudicar drasticamente a sua nota.
Veja abaixo um exemplo de texto que podemos atrapalhar como sendo argumentativo, mas que acabou se tornando NARRATIVO devido à falta de argumentos próprios:




“Por volta do século XII, com a desintegração do feudalismo, começa a surgir um novo sistema econômico, social e político: o capitalismo. A característica essencial do novo sistema é o fato de, nele, o trabalho ser assalariado e não servil, como no feudalismo. Outros elementos típicos do capitalismo: economia de mercado, trocas monetárias, grandes empresas e preocupação com o lucro.
O capitalismo nasce da crise do sistema feudal e cresce com o desenvolvimento comercial, depois das Primeiras Cruzadas. Foi se formando aos poucos, durante o período final da Idade Média, para finalmente dominar toda a Europa Ocidental, a partir do século XVI. Mas foi somente depois da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Inglaterra, que se estabeleceu o verdadeiro capitalismo.”
ARRUDA. José Jobson de, História Moderna e Contemporânea.




 Nesse texto, os fatos históricos estão sendo NARRADOS. Para que se tornasse uma dissertação, precisaria haver argumentos, críticas feitas em cima desses fatos históricos.




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Já dizia o brilhante Gilberto Gil: "Andar com fé eu vou, que a fé não costuma 'faiá'..."


Vejamos:

Atualmente presenciamos uma enxurrada de cantores Gospel; e, com eles, muitas músicas com refrão chiclete. Já pedimos para restituir, pedimos para fazer chover, pedimos para remover a pedra, pedimos para nos ressuscitar... E assim vemos lindas declarações de amor, como:

"Tu me faz feliz, e eu direi de Ti:
Tu és meu escudo, minha força, minha porção, meu libertador,
meu abrigo, torre forte, meu socorro em tempo de tribulação"
 (Atmosfera da Adoração)

Mas cadê a concordância do verbo com o pronome?
Que eu saiba, seria: EU FAÇO, TU FAZES, ELE FAZ
Tu me faz feliz soa bem informal; mas, em se tratando de uma composição... Seria TU ME FAZES FELIZ.

Vamos à outra:

"Se o sol se por, e a noite chegar,
Tu és quem me guia.
Se a tempestade me alcançar,
Tu és meu abrigo"
(Ministério Trazendo a Arca)

Opa... se o sol se por?????? Cadê o subjuntivo bem escrito, minha gente???
Se o sol vier, se o sol quiser, se o sol fizer, e finalmente SE O SOL SE PUSER!!!!

É claro que alguém gritaria logo que se trata da famosa LICENÇA POÉTICA. Sim, ela existe. No entanto, o autor só pede licença para fazer esses "desvios" quando ele sabe que não era por esse atalho que ele deveria ir. No caso das músicas, eu me pergunto, será que a maioria dos "gospel" que compõem suas tão lindas letras (não nego), sabem o que estão fazendo??? Sei não...

Desculpa, Gilberto Gil, você pode até andar com fé; mas que, às vezes, ela "faia, faia"!!



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